Informativo
Grupo de Pesquisa convida para lançamento de e-book que discute interseccionalidade e acesso de mulheres rurais à comunicação e saúde
O e-book “Mulheres rurais e acesso às TIC: desigualdades no direito à comunicação e à saúde” estabelece diálogo entre comunicação, interseccionalidade e extensão rural, ao trazer resultados de pesquisa realizada durante a pandemia de Covid-19 com 50 mulheres rurais da Zona da Mata Mineira.
A obra foi construção coletiva do Grupo Meios – Comunicação, Relações Raciais e Gênero, coordenado pela professora Ivonete da Silva Lopes, do Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa (DER/UFV), e é resultado do projeto “Mulheres rurais e recursos infocomunicacionais: da desigualdade de acesso às estratégias de busca de conhecimento sobre saúde”, que teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além da professora coordenadora, as pesquisadoras Daniela de Ullyséa Leal e Jéssica Suzana Magalhães Cardoso são responsáveis pela organização.
O livro foi elaborado através de interlocuções com lideranças femininas, quilombolas e assentadas da região, e as investigações baseiam-se em inúmeras idas à campo e análises de conteúdo de peças de comunicação institucional brasileira, sites de autoridades sanitárias da América do Sul e estratégias de resistência dos mediadores sociais. De acordo com a professora Pâmela Araújo Pinto do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde da Fiocruz na apresentação do livro, este “ampliou, sobretudo no campo da comunicação, novos ângulos de compreensão de interfaces entre a busca pelos direitos à comunicação e à saúde, e evidencia um diagnóstico contundente do afastamento das comunidades rurais dos seus direitos à comunicação e à saúde na pandemia da Covid-19″.
Resultados:
O livro reúne 13 capítulos divididos em duas partes: a primeira discute pandemia e desinformação, e a segunda, gênero, TICs e estratégias de sobrevivência na pandemia. Os resultados dos artigos mostram que há lacunas no que se refere à coleta de dados durante a pandemia sobre pertencimento étnico-racial. Assim, o governo não incorporou estes aspectos aos dados produzidos e divulgados sobre contágio e mortes em decorrência do coronavírus. Isso, segundo as autoras, impossibilita que se elaborem e desenvolvam políticas de atenção focadas nos grupos mais vulneráveis.
Além disso, foram identificadas ausências na estratégia de comunicação de risco do Ministério da Saúde (MS) do Brasil para gerir a crise sanitária, bem como inadequações das mensagens oficiais dos países sul americanos estudados no que tange a acessibilidade aos grupos mais vulneráveis. Neste sentido, abordagens sobre desequilíbrios de gênero e o papel central da mulher no cuidado da saúde familiar e ambiental não foram constatadas. Apontou-se, ainda, a negligência e participação do governo brasileiro no que diz respeito à propagação de conteúdo desinformativo.
Neste contexto, dificuldades estruturais também foram observadas, como limitações de conexão e apropriação digital em territórios rurais. No entanto, foram descritas diferentes táticas comunicacionais bem-sucedidas por parte de atores sociais presentes nestas comunidades, como associações, movimentos, coletivos e igrejas, para a disseminação de informação adaptada às condições da população local.
Considerando as vulnerabilidades que perpassam o público estudado, delimitadas em marcadores sociais de gênero, território, raça, cultura e acesso às tecnologias de informação e comunicação (TIC), emerge a necessidade de estratégias de C&S que contemplem as especificidades de cada realidade.
Perspectivas:
O documento ficará disponível para compra e download no site da Amazon: https://www.amazon.com.br/dp/B0CKWXSK5M?ref_=cm_sw_r_apin_dp_RC4WYGB VX3Z45X50B5GF
O lançamento do e-book ocorrerá no dia 19 de outubro (quinta-feira), às 19h, com transmissão ao vivo pelo canal do Grupo Meios no YouTube. Os resultados desta e de outras pesquisas desenvolvidas pelo grupo também estão disponíveis no Instagram.