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Informativo

Acesso à internet e outros direitos em comunidades quilombolas é tema da nova temporada de websérie produzida pelo grupo Meios

Agbegbe, palavra iorubá para território, é o nome da terceira temporada da websérie Meios de Prosa, que entrevista, a cada episódio, uma mulher quilombola de Minas Gerais. Após tratar de assuntos como articulação de lideranças femininas e racismo, desta vez o foco do trabalho está nas questões de infraestrutura e conquistas de direitos nas comunidades quilombolas brasileiras. A conexão à internet é um ponto importante e problemático na fala de todas as personagens, bem como o acesso à educação e transporte.

O lançamento de Agbegbe aconteceu na primeira sexta-feira (5) de julho, mês em que se celebra o dia internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A websérie, produzida pelo grupo de pesquisa Meios – Comunicação, Relações Raciais e Gênero da Universidade Federal de Viçosa (UFV), segue com a publicação de episódios toda semana, nas redes sociais do grupo e no Youtube. O trailer pode ser visto neste link.

No episódio de abertura conhecemos Gracielly Naiara Veloso, 32 anos, liderança da Comunidade Quilombola dos Arturos (Contagem – MG). Formada em administração, coordenadora de projetos, especialista em direito de cotas e projetos culturais sociais e terapeuta do feminino, Naiara explica o papel fundamental das mulheres na administração das famílias e da comunidade: “São mulheres que produzem saúde, que produzem cultura, que produzem alimento, que produzem educação o tempo inteiro. Uma rainha que coloca uma coroa na cabeça, que é mãe, que é irmã, que é filha, que sai pra trabalhar. Aquela coroa tá no altar mas caminha com ela o tempo inteiro”. No que tange ao acesso a direitos, ela salienta a necessidade de conexão com a internet e educação para os jovens e também para as mulheres mais velhas do local, que destacam a vontade de aprender a lidar com as tecnologias para alcançar novas informações e possibilidades de comunicação.

Ilustrando o poder emancipatório da educação, o segundo episódio traz Dirciana Melo, 30 anos, uma das lideranças da Comunidade Quilombola Santo Antônio do Morro Grande (Ressaquinha – MG): “Há uns três, quatro anos atrás a gente não tinha tanto conhecimento quanto a gente tem hoje. Eu mesma não era tão ativa porque não tinha conhecimento. Hoje a gente vai em palestras, encontros, tem mais opinião…Acho que o conhecimento foi a chave. As mulheres estão sabendo mais, elas buscam mais, e por isso elas são líderes, porque estão à frente”.

Outra liderança da temporada é Natalina de Souza, 50 anos, presidente do sindicato de trabalhadores rurais e da associação de moradores da comunidade quilombola Fazenda dos Coelhos (Rio Pomba – MG), que destaca os desafios do local no acesso à mobilidade, educação e às tecnologias de informação e comunicação. Ela conta que só começou a ter internet em casa há poucos meses, e que gostaria de aprender a fazer uso mais eficiente desse recurso. Ao perder o pai e tornar-se responsável pelos irmãos e a mãe doente aos quinze anos de idade, Natalina parou de estudar aos quinze, e lamenta a dificuldade de retomar os estudos com tantos compromissos e morando tão distante da cidade: “Lá no IFET tem o EJA à noite. Aí me falaram assim: ‘Natalina, volta a estudar’! Eu falei ‘Ah, meu sonho, mas eu não aguento não. Sair daqui do sindicato, chegar em casa meia noite, no outro dia ir não sei pra onde. Não, não aguento não.’ Eu acho que se fosse na beira do asfalto, na estrada ali, seria bem mais fácil. É muita gente que precisa voltar pra casa, não sou só eu. É muito difícil”.

No último episódio conhecemos Ana Caroline Dias, 22 anos, da comunidade quilombola de São Sebastião da Boa Vista (Santos Dumont – MG) e graduanda em Geografia na Universidade Federal de Juiz de Fora. Para Ana, que desde pequena acompanhou a mãe sendo vice-presidente da associação de moradores, a liderança foi um caminho natural e a educação, necessária para alçar vôos mais altos, sempre esteve em seus planos: “Eu gostava de estudar, estudava porque eu queria alguma coisa. E eu consegui, fiz o ENEM, passei na segunda vez que fiz. Como não tinha internet, eu estudava na biblioteca com os livros que tinha. Passei por política de cotas”.

O projeto audiovisual é um recorte da pesquisa “Dos quilombos às favelas: mulheres negras, interseccionalidade e acesso às tecnologias da informação e comunicação”, coordenado pela professora Ivonete da Silva Lopes. O projeto tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Cronograma dos episódios:
05/07 – Naiara Veloso – Quilombo dos Arturos – Contagem
12/07 – Dirciana Melo – Comunidade Quilombola Santo Antônio do Morro Grande – Ressaquinha
19/07 – Natalina de Souza – Quilombo Fazenda dos Coelhos – Rio Pomba
26/07 – Ana Caroline Dias – Comunidade Quilombola São Sebastião da Boa Vista – Santos Dumont

Ivonete da Silva Lopes – ivonetelopes@ufv.br


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